domingo, 22 de novembro de 2009

Voluntariado: receita saborosa para praticar o bem


O Recanto da Sopa nutre pessoas e voluntários descobrem a satisfação de ajudar


Cenoura, batata, chuchu, tudo misturado com arroz e macarrão. Essa não é uma receita qualquer, é o cardápio do Recanto da Sopa, uma associação voluntária que oferece a única refeição diária de muitos maringaenses. De segunda a sábado, voluntários se revezam entre preparar e servir o alimento para mais de 700 pessoas. Além do almoço, eles distribuem frutas, verduras e legumes para quem quiser levar para casa.
Dona Tereza do Sopão, como é conhecida a dona de casa e voluntária Maria Tereza Garcia Cordeiro, é a idealizadora e responsável pelo projeto. Ela conta que a ação voluntária começou em casa. A sopa era preparada com as sobras de alimentos que os supermercados doavam. Aos poucos, o espaço ficou pequeno diante tanta procura e o trabalho foi transferido para um local maior.
Dez anos se passaram e hoje, é com emoção e orgulho que a Dona Tereza do Sopão ajuda a diminuir a fome de mais de três mil pessoas por mês. O projeto cresceu, ganhou novos adeptos e atualmente conta com 25 voluntários, a maioria, pessoas aposentadas da própria comunidade, o conjunto Branca Vieira. Por dia, são produzidos mais de 80 quilos de sopa que são oferecidos para famílias carentes de Maringá e região. Grande parte das doações de alimentos é feita por empresas da cidade, mas segundo Dona Tereza, as pessoas também ajudam. “Tem gente que traz um ou dois pacotes de macarrão, tudo o que vem é bem vindo, vai ajudar a matar a fome de alguém”, afirma ela.
O Recanto da Sopa funciona durante o ano todo, seis dias por semana, inclusive nos feriados. Na véspera de Natal, os voluntários trabalham até as seis horas da tarde e voltam já no dia 26 pela manhã. Segundo a dona de casa e voluntária Aurelina Joaquim Sampaio, é uma rotina corrida, mas valorosa. “Nós nunca paramos, por que a fome também não para, ela não espera, não tira férias, então estamos sempre prontos para auxiliar o nosso próximo”, assegura Aurelina.
Mas não é só de alimentos que vive o Recanto da Sopa. Eles recebem os mais variados tipos de doações, como panelas, colchões, móveis e roupas, que são repassados para as pessoas que precisam. Também recebem ajuda para pagar as contas de água, luz e telefone do barracão onde funciona o projeto, que foi doado por um aposentado da comunidade. O local conta ainda com uma horta comunitária, uma das conquistas que Dona Tereza conseguiu junto à prefeitura da cidade. Lá os voluntários cultivam verduras, legumes, temperos, remédios medicinais e até flores.
A satisfação dos voluntários em promover a boa ação é visível. A vendedora e voluntária Roseli Mara de Oliveira ia à casa de Dona Tereza quando era criança buscar alimentos e já admirava a atitude. Hoje faz seis anos que ela ajuda no Recanto e não pretende parar. Ela se divide entre o trabalho de vendedora de cosméticos, afazeres do lar e o sopão, e diz que muita coisa melhorou depois que começou a ser voluntária. “Eu sempre tive em meu coração o desejo de ajudar e para trabalhar no Recanto tem que ter muito amor e dedicação, eu gosto muito de estar aqui” relata Roseli.
A alegria não parte só de quem ajuda. Os beneficiados pela ação dos voluntários resumem o sentimento em uma só palavra: gratidão. A aposentada Georgina Saturnino Marcondes declara que o sopão é uma graça que ela recebe diariamente. “É mais que um alimento, é o carinho, o respeito que todos eles têm por nós faz daqui um lugar abençoado” reforça. Dona Georgina, de 65 anos, conta que a história é ainda mais feliz. Ela conheceu o atual namorado, o também aposentado Mário Freitag, 74 anos, comendo sopa em um sábado. Eles namoram há dois anos e vão se casar. A comemoração será no Recanto.
A Dona Tereza considera o Recanto um projeto de vida e uma ação a ser desenvolvida enquanto tiver saúde para trabalhar. Segundo ela, as pessoas a abordam na rua e pedem para que ela não pare nunca de oferecer comida para os necessitados. Ela afirma ainda que a gratidão e o reconhecimento são as melhores recompensas que pode receber. “Enquanto eu puder vou me doar para eles, eu não penso em parar, a minha vida é dar um prato de comida para o irmão que está passando fome”, complementa.
Tereza, Aurelina, Roseli, Élio, Maria, José e tantas outras pessoas inspiradas a praticar o bem fazem desse trabalho uma história de voluntariado incansável, e juntos conseguem vencer um dos desafios diários impostos pela vida, além de contarem com a satisfação em ajudar o próximo, uma boa ação que move o mundo e enche a todos de esperança.
Serviço: Recanto da Sopa de Maringá. Rua São Francisco, 88, Conjunto Branca Vieira. Telefone (44) 3268-4722. Aberto de segunda a sábado das 11hs às 14hs, tanto para refeições quanto para doações.

Angelita Machado
Débora Schmitt


Publicado por Débora Schmitt.



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