quinta-feira, 26 de novembro de 2009

DEMOCRACIA: SERVIÇO MILITAR OBRIGATÓRIO NÃO-REMUNERADO?


Thaisa Silva

Vivemos em uma demoracia onde algumas coisas ainda são obrigatórias, como é o caso do Serviço Militar, por exemplo. Já no século V, em Atenas, nascia o chamado “governo do povo”: o modelo mais difundido no mundo. A origem remonta de quando camponeses decidiram viver em comunidade, guiados por rei, juiz, e até mesmo por um chefe de guerra.
Dessa forma, surge então a idéia de que todos os membros da comunidade precisam ter direitos iguais para guiarem os interesses sociais comuns. No caso deste artigo, focamos a questão militar, que é o que nos interessa.
Aos dezoito anos de idade, todos os jovens devem se alistar na Junta Militar mais próxima de sua residência, obrigatoriamente. Alguns desses jovens receberão, posteriormente, treinamentos e instruções nos chamados Tiros-de-Guerra (TG) para, no caso de uma guerra externa, defenderem as fronteiras do Brasil.
Em nosso país, os Tiros-de-Guerra surgiram exatamente para este fim: treinar reservistas, ou seja, atiradores, aptos para a defesa territorial e civil. No entanto, no TG é necessário que possa ser conciliada a atividade militar com a atividade civil dos jovens.
É lá, por trás dos muros, o local específico onde os jovens aprenderão um pouco sobre ações comunitárias, campanhas de vacinação e doação de sangue, recuperação e conservação de escolas públicas, com a base da disciplina e força de vontade. Força de vontade porque é preciso, para que se possa acordar às 4h da manhã e estar às 5h nas fileiras militares do TG, ao menos em Maringá.
Formar pessoas capacitadas para defender as fronteiras brasileiras é necessário, de fato. Então, até que se justifica o fato de o serviço militar ser obrigatório, num país democrático. Do contrário, quem é que iria querer servir, por livre e espontânea vontade? Poucos. E mesmo esses poucos não formariam o contingente necessário para um país como o nosso, com dimensões continentais.
Entretanto, por que, num país onde se paga tantos impostos, onde políticos recebem tanto dinheiro, onde há tanta desigualdade social, o Serviço Militar – obrigatório, diga-se de passagem -, não é remunerado? Não estamos falando de mil, quinhentos ou até mesmo 300 reais. Estamos falando de um salário digno de manter um transporte para aqueles que moram longe dos TGs; estamos almejando o dinheiro que paga o corte de cabelo dos soldados a cada doze dias.
Não precisamos ir tão longe. Aqui mesmo, em Maringá, o Tiro-de-Guerra funciona das 5h às 7h de terça à sábado [ no sábado, no período vespertino]. Se formos fazer uma pesquisa de opinião entre os soldados que foram convocados para servirem ao TG, constataremos que a reclamação maior é a possibilidade de remuneração.
Se estamos em uma democracia, onde o povo deveria decidir os caminhos a serem trilhados pela sociedade, por que não os nossos soldados, ou, como diriam ao atenienses, hoplítas, receberem algo por aprenderem a nos defender, se é o que de fato eles tanto querem?
A democracia antiga de Atenas acabou, e criou-se um direito “igual para todos”...

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