terça-feira, 24 de novembro de 2009

Mídia e subjetividade

Elisabeth Natale


Pela quantidade de veículos informativos que circulam diariamente, é o suficiente para perceber quanto à mídia está presente em nossas vidas. Porém se damos conta de digerir tudo que é produzido, caberia outra discussão, pois à questão que se propõe é acerca do efeito que produz a informação midiática na construção da subjetividade, que muitas vezes é apresentada de maneira disfarçada, não permitindo às pessoas a apreensão clara das reais intenções.
Nesse sentido, Theodor Adorno, em a obra “Dialética do Esclarecimento”, responsabiliza a Indústria Cultural por impedir a formação de indivíduos autônomos, independentes, capazes de julgar e de decidir conscientemente. Assim, ao difundir as informações “escamoteadas”, a mídia se produz junto à padronização de subjetividades e consequentemente à negação da individualidade.
No entanto, mesmo a mídia contribuindo com a construção da subjetividade, ela não pode ser considerada uma formadora inicial, pois tem a família . Mas de certa forma a mídia participa de boa parte dessa construção.
De acordo com a psicóloga Ângela Caniato (CRP – 08/00336), a violência simbólica também se deve à Indústria Cultural por efetivar exatamente nesta captura dos desejos humanos e por produzir formas de pensar, sentir e agir regressivas, impedindo a satisfação das exigências reais do ser humano.
A verdade é que somos influenciados a todo o momento pelos meios de comunicação. E esse processo de manipulação começa muito cedo, a partir do momento em que os pais deixam os filhos à vontade diante da tevê. Tudo bem que a mídia não tem obrigação de formar cidadãos, porque a lógica na qual se estrutura é a do lucro. Por isso a preocupação é com conteúdos que garantem audiência, o que conclui que a mídia interfere sim, nos modos de vida, e por conta disso é capaz de modificar os comportamentos.
Contudo, mesmo não se dando o processo de forma totalmente passiva, por haver certa cumplicidade por parte do público, quando ele manifesta interesses afins em relação ao que é produzido pelos meios, não se pode isentar a responsabilidade da mídia nesse processo de negação da identidade.
Conclui-se que, a formação da individualidade está sendo contaminada devido ao mau uso que fazemos dos meios. Pela falta de consciência coletiva e crítica, nos tornamos cada vez mais parecidos com todos - iguais. Com isso, negamos nossa própria essência por não distinguir mais o que nos faz pessoa.

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