terça-feira, 24 de novembro de 2009

Não ver e enxergar



Letícia Ribeiro


Deficientes visuais levam a vida como qualquer outra pessoa por meio da educação


As pessoas portadoras de deficiêcia visual integram-se à sociedade por meio da educação. A educadora social, Ana Carmem Dias - perdeu a visão aos 33 anos. Mesmo com a deficiência, continuou a vida acadêmica, participando de duas pós-graduações. “Você não deixa de ver nunca, você apenas deixa de ter a visão ótica, mais continua enxergando com as mãos e com os ouvidos,” diz a educadora.
Ana Carmem ainda participa de cursos e utiliza o Dosvox, (um programa que permite que o computador fale quando teclado), para ler, escrever e acessar a internet. Ela usa também o Braille, um método analógico que faz a interação entre leitura e escrita, utilizado principalmente na alfabetização de deficientes visuais.
A professora Josefina da Silva que educa crianças cegas há cinco anos, diz que o Braille é um sistema de código de seis pontos, e o aluno faz leitura e escrita com os dedos. “A diferença da alfabetização especial e a tradicional é que essa precisa ter uma estimulação tátil” comenta a professora. Segundo Josefina, esse sistema apesar de eficiente é muito volumoso, cerca de oito vezes maior que um impresso em tinta, e apenas um cego ou uma pessoa especializada consegue ler.
Hoje as pessoas com necessidades especiais têm a sua disposição um arsenal de tecnologia. O Centro de Apoio Educacional ao Cego (CAEC) junto com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) desenvolveu o Dosvox, disponibilizando o programa na internet, para ser baixado. Dessa forma os cegos podem desempenhar várias tarefas, adquirindo mais independência no estudo e no trabalho.
O aluno de jornalismo Wesley Henrique de Araújo, deficiente visual, usa o Jaws, um programa parecido com o Dosvox, que também permite ler, escrever, e acessar a internet. Wesley, que perdeu a visão ainda bebê, diz que apesar de nunca ter enxergado, vive normalmente como qualquer jovem de 21 anos. Na faculdade ele encontra dificuldades, mais consegue superá-las com força de vontade, e com a ajuda dos colegas. O jovem que está no segundo ano, diz que seu maior incentivo foi uma professora da escola fundamental “A escolha pelo jornalismo veio por uma tradição de família, meu pai é comunicador”. E complementa dizendo que a cegueira não é uma dificuldade, é apenas um obstáculo que supera todos os dias.
O Jovem Paulo Henrique Ribeiro, cego desde os dois anos, hoje se prepara para o vestibular. “Tive dificuldades de adaptação na época da escola, mas nada atrapalhou a minha vontade de aprender”. A professora Josefina, responsável pela alfabetização de Paulo, diz que sempre o tratou como qualquer aluno. “Ele era um aluno estudioso, mas tinha muita preguiça, e sempre levava bronca por isso”. Ela conclui que é muito bom ver Paulo caminhando para a universidade, e que esse devia ser o caminho de todos os jovens, sem importar as diferenças.

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