quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Os “Best Loaders”



Por Vinícius Machado

A algum tempo atrás estava fazendoa minha ronda semanal pelos sebos da cidade em busca de livros para melhorar o meu acervo, foi decepcionante por que me deparei com os mesmos títulos entulhando as prateleiras. Naquela mesma tarde fui tomar um chá gelado e numa mesa tinha uma rapaz lendo um livro no laptop.

Fiquei horas pensando sobre isso e os questionamentos foram infindáveis, mas o livro digital foi o que mais perdurou. Afinal tudo hoje em dia pode ser feito em poucos meios, o disco e o CD ficaram obsoletos e deram lugar ao MP3, a fotografia em filme dando lugar à digital, acessar a internet por um computador que você pode carregar na mochila e cada uma dessas tecnologias está ficando obsoleta mediante ao avanço dos celulares.

O livro digital já existe e as vantagens deles não são diferentes de qualquer outra mídia que foi convertida. O livro digital não ocupa espaço, é mais barato porque não tem gasto com papel, tinta, impressão, encadernação e transporte, é ecologicamente correto e você pode carregar até 4 mil deles em um leitor de bolso digital.

Os fervorosos fãs dos livros impressos, como eu, conseguiram encontrar muitos defeitos nessa revolução tecnológica, como por exemplo: você precisa para a leitura quando o aparelho fica sem bateria, a tela provoca reflexo e dificulta a leitura, as letras ficam muito pequenas, no meu caso tenho fortes dores de cabeça quando fico muito tempo olhando para um tela.

O que mais me assusta em tudo isso é o fim das livrarias, do cheiro de livros novos e dos cafés literários cheios de pessoas metidas a conhecedoras de Literatura, na extinção dos sebos carregados de livros baratos, rasgados e riscados com cheirinho de velhos. É assustador pensar nas estantes vazias e de ter que ir até um museu para um amontoado de folhas encadernadas e não poder tocá-las. As editoras de livros podem sumir também nada vai impedir que o escritor diagrame, distribua e venda seu livro sem intermediários.

Não vou ser contra o progresso e as mudanças, mas embora eu acredite que a melhor forma de leitura seja no papel impresso o livro digital vai pegar, eu não consigo ler mais que cinco páginas de um livro no computador e com o passar do tempo o papel vai deixar de ser determinante. Quero que o mundo seja um lugar aonde a leitura seja um hábito, e um hábito prazeroso, mas nenhuma revolução tecnológica será válida se o retrocesso permanecer, assim como a música os livros são baixados de graça, pirateados digitalmente, é um desrespeito com o direito autoral e intelectual daquele que se esforça nessa produção.

A mudança só é benéfica quando o comportamento muda junto com os meios. Se os “Best Sellers” vão deixar de existir precisam ser substituidos pelos “Best Loaders”.


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