domingo, 22 de novembro de 2009

"Minha pele por um casaco seu"




Texto opinativo - Por Débora Schmitt

Coelhos, focas, raposas, linces, chinchilas. Milhões de animais dessas espécies são mortos todos os anos no mundo para a confecção de casacos de pele. Só na França são abatidos anualmente 70 milhões de coelhos para esse fim. É um dado alarmante que nos faz parar para pensar até que ponto a luxúria e a vaidade se sobressaem à dignidade e, acima de tudo, ao direito a vida, mesmo que dos animais.
Desde épocas primórdias o homem mata animais para utilizar a pele como vestimenta. Em eras pré-históricas é um fato aceitável, uma vez que não se dispunha de outros meios para se aquecer. Atualmente, entretanto, ativistas consideram a atividade cruel e desnecessária, considerando há milhares de outros tecidos (inclusive o couro sintético) que cumprem a mesma função. Para se ter uma noção, para a confecção de um casaco de pele de comprimento médio é necessário que sejam mortos 125 arminhos (roedor de pequeno porte). Caso o desejo seja um “modelito” mais escuro, estilo “by night”, meras 100 chinchilas (mamífero da família dos castores) mortas produzem o look especial.
É um absurdo. Será que ao vestir um casaco desses a pessoa pára para pensar que sobre ela há dezenas de animais que foram sacrificados por estrangulamento, pauladas, facadas ou eletro choques? Talvez não, pode ser que ao vestir uma roupa dessas a consciência e o bom senso se despem. O problema maior, na verdade, não é nem usar os casacos, uma vez que quando se chega a esse ponto os animais (pobre animais) já foram brutalmente sacrificados. O ápice do entrave é o status que a sociedade atribuiu a esse tipo de vestimenta. Usar um casaco de peles é chique, demonstra gosto refinado para a moda e alto poder aquisitivo, afinal, um modelo, dos mais simples, não sai por menos de 2 mil reais.
A ONG americana S.O.S Animals até inovou com uma campanha para salvar os bichinhos: “Troque seu casaco de peles por um animal vivo”. A intenção é que as pessoas doem os casacos, que são entregues para entidades carentes de locais onde as temperaturas são muito baixas. Quem fizer a “boa ação” ganha um filhote de coelho ou chinchila.
É - de algum modo - alguém tem que começar. A intenção é boa, mas a essa altura os animais já foram mortos. O inverno chega logo, salvem-se quem puder. Recolham gatos cachorros e passarinhos, nunca se sabe quem será a próxima vítima das grifes famosas, pois como dizem, “o diabo veste Prada”.





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