quinta-feira, 26 de novembro de 2009

CRÔNICA - O jornalismo que ainda não aprendi a fazer

Thaisa Silva


É incrível. Dizem que o melhor que podemos fazer é estudar. Dizem que estudar é tudo na vida e que você só tem alguma posição perante a alta sociedade se você tiver estudo. Pois bem...
Durante as palestras da XII Semana Integrada de Comunicação (Siecom) da Faculdade Maringá, isso ficou bem explícito. Os dois primeiros palestrantes, Leandro Fortes (Revista Carta Capital) e Adalberto Piotto (Rádio CBN) deixaram bem claro que, para fazer jornalismo, é preciso estudar jornalismo.
Ambos partem do pressuposto que apenas um jornalista que estudou jornalismo conhece verdadeiramente as regras e as técnicas utilizadas para a redação dos textos. Eu, entretanto, tenho lá minhas dúvidas.
Me recordo que apenas um dos professores que tive, sentou comigo, corrigiu meu texto, riscou e me disse o porque do erro e como ficaria melhor posto o que eu havia escrito. Apenas um se preocupou em realmente me ensinar a como escrever. Os outros apenas riscavam, sem me explicar o porquê.
Outro ponto citado durante a Siecom foi a importância do desdobramento das matérias, ou seja, a preocupação do repórter em apurar aquilo que vai além da aparência da notícia e que acaba proporcionando subsídios para que o jornalista esteja munido de informações mais críticas, capazes de fazerem um contraponto aprofundado daquilo que é dito na grande mídia.
Não é preciso nem dizer. A maioria de nossas aulas são tão mesquinhas e superficiais... Alguns professores parecem ter tanta preguiça de nos ensinar como fazer isso – ou será que eles não sabem? -, que acabamos fazendo o óbvio que todos fazem: levantamos algumas informações comuns, fazemos a entrevista, redigimos o texto e pronto: partimos para o próximo trabalho de faculdade, que por sinal será extremamente semelhante a este.
Com toda a certeza, nunca tentei buscar um contraponto nas minhas matérias de faculdade; embora eu soubesse que seria uma coisa interessante a se fazer e bastante privilegiada, nunca consegui pensar nem por onde começar...
Me explicaram o que era um lead, e agora pareço estar totalmente presa a ele, de forma que me tornei dependente deste ‘começo’, que é totalmente semelhante aos dos veículos da grande massa. Me ensinaram a fazer matérias curtas, porque temos pouco tempo para colocá-las ao ar, e desde então, nem vejo como explicar direito as coisas, além daquilo que é estritamente necessário para que alguém consiga entender o mínimo das minhas mensagens.
Então, de repente as coisas estão mesmo fora do lugar. De repente os melhores meios de se fazer um jornalismo decente e crítico é mesmo, conforme disse Fortes, através da internet e da revista. Talvez a televisão queira mesmo um trabalho mais “tapado e rapidinho”. Talvez o rádio fique apenas naquela mesmice de frases curtas e matérias breves, para não “cansar” o ouvinte...
Talvez, penso eu... A “tia” da escola devesse ter me cobrado a não copiar as respostas das perguntas de interpretação de texto, que estavam explícitas no meio dele, para que eu pudesse hoje aprender a refletir e a enxergar outros horizontes além dos que continuam me apresentando...

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