domingo, 22 de novembro de 2009

Pacientes que se preparem... Rir é contagioso


Matéria escrita por Débora, Daniele Corrêa, Bianca Oliveira e Saulo José. Publicada por Débora Schmitt.


Quanto custa uma infância? Que mágica trás de volta aqueles bons momentos? A resposta vem dos risos e das brincadeiras. De porta em porta a alegria pede licença e os palhaços entram em cena. Não se trata de um espetáculo, mas da rotina de um hospital nos dias de visita dos Médicos da Graça, uma equipe de voluntários formada por estudantes e profissionais da saúde especializados em levar diversão aos pacientes.
Inspirados nos “Doutores da Alegria”, grupo pioneiro em atuações de palhaços nos hospitais do país, os “Médicos da Graça”, surgiram em 2003 ligados à Associação de Apoio a Criança e ao Adolescente Enfermo. Atualmente o projeto é coordenado pelo Departamento de Enfermagem e Cultura da UEM, com direção artística de Pedro Ôchoa e direção geral de Ieda Higarashi.
A vontade de proporcionar um pouco de distração a quem está doente foi o que impulsionou os voluntários do projeto a desenvolver um tratamento diferenciado, através da arte de encenação de palhaços. Os clowns (do inglês, palhaços), como são chamados os membros do grupo, acreditam que por meio de brincadeiras e interação com os pacientes é possível desenvolver a capacidade de rir e acreditar na possibilidade de mudança da realidade, que muitas vezes é encarada com tristeza. Segundo a enfermeira e integrante do grupo, Maria de Lourdes, o hospital não é só um lugar de dor e sofrimento, mas também de fé e esperança, e muitas vezes as pessoas estão tão retraídas com a situação de dor que ficam impossibilitadas de enxergar isso, e o simples ato de brincar proporciona essa reflexão. “O interessante é que todos acreditam que a arte transforma os ambientes e isso é o que realmente acontece”, complementa o diretor artístico, Pedro Ochoa.
A favor do bem estar, os Médicos da Graça advertem: rir faz bem a saúde. Pesquisas recentes comprovam que o riso provoca a liberação de substâncias do grupo das endorfinas, hormônio com efeito analgésico que alivia a ansiedade e o estresse. Boas risadas ativam melhor a circulação e causam efeito de relaxamento no corpo. Nos Estados Unidos esta prática se desenvolveu nos tratamentos de saúde tendo início com o médico Path Adams, que afirma: o humor é o melhor remédio.
O projeto se destaca a partir de uma nova “arte de cuidar” que não se resume apenas a medicamentos, mas a sensibilidade quanto ao lado humano em que se encontra a pessoa enferma. Para os voluntários não há restrições, o trabalho é voltado tanto às crianças quanto aos adultos e idosos, a diferença esta apenas na forma de brincar. Segundo Ochoa, as crianças têm um comportamento mais ingênuo, então é trabalhado com elas uma questão mais visual e auditiva. Já os adultos são um pouco menos receptivos, mas “é só verem um palhaço que entram na ingenuidade e voltam à infância”, garante Ochoa, que afirma ainda que não importa a idade, “nossa vontade é que todos se contagiem com a alegria”.
Os detalhes chamativos das roupas, o colorido das pinturas e o famoso nariz vermelho permitem, na maioria das vezes, a boa aceitação dos clowns. São raras as vezes em que não conseguem fazer as atuações. Segundo Ochoa, a sociedade está em um momento muito receptivo, buscando novas incógnitas para resolver os problemas. “Hoje em dia a dramaticidade dos palhaços é bem recebida na maioria dos lugares, pois a arte tem a característica de fazer as pessoas acreditarem em uma realidade que muitas vezes não acreditam”.
A satisfação é grande tanto aos voluntários do projeto quanto aos pacientes. “O que nos deixa emocionados é a manifesta gratidão das famílias e dos enfermos. Para a equipe é um prazer ajudar e perceber a melhora de humor dos pacientes”, diz a enfermeira Maria de Lourdes, que esta participa do projeto desde o início.
O picadeiro do palhaço é montado onde se encontram a alegria e a diversão. Lidando com pessoas e não com doenças os Médicos da Graça alertam: os pacientes que se cuidem, rir é contagiante, “e é para isso que estamos aqui”.

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